Simulação Clínica: Possibilidades para a formação profissional em Saúde Mental


A formação de profissionais e estudantes na área da saúde deve ser atualizada periodicamente para, dentre outros objetivos, adequar-se aos avanços e mudanças que fazem parte do nosso dia-a-dia e a possibilitar novas experiências relacionadas com o ensino e a aprendizagem desse público. Nesse contexto, propostas que utilizam o ensino baseado na simulação têm crescido.

Apesar de desafiador, o trabalho com a simulação clínica tem sido avaliado de forma positiva. A possibilidade de desenvolver o ensino e a aprendizagem de participantes de forma única, interativa e até mesmo inovadora, em pontos que envolvem a construção de conhecimento, raciocínio clínico, satisfação e autoconfiança no trabalho a ser realizado são algumas das vantagens avaliadas1.

A palavra simulação pode não soar estranha para muitas pessoas, uma vez que ela é comum em diversas áreas, como por exemplo, jogos, treinamentos e até mesmo em brincadeiras. A palavra apresenta vários significados, e entre eles, o ato de reproduzir ou de tornar algo real2. Ao simular uma experiência, atividade ou até mesmo uma situação, novas vivências e aprendizados podem ser criados.

Mas afinal, o que caracteriza uma simulação?

O desenvolvimento de uma simulação clínica não é uma tarefa fácil e exige preparo dos responsáveis envolvidos, bem como de todos os participantes³. Para que uma simulação seja desenvolvida, é necessário programar a construção, realização e avaliação do processo de ensino-aprendizagem1,3. Esse planejamento inclui um passo-a-passo sobre como desenvolver uma simulação, guiando quem pretende trabalhar uma atividade simulada³. O preparo da simulação é norteado por um roteiro e/ou cenário1,3 que abrange diversos fatores, dentre eles: o título, objetivo, número e quais são os participantes envolvidos, tempo de duração, recursos físicos e materiais a serem utilizados, orientações de preparo dos participantes e equipe organizadora, apresentação da história que será simulada e de itens relacionados à avaliação da aprendizagem dos participantes1,3.

O cenário também pode trazer explicações sobre o nível de fidelidade da simulação (baixa, média e alta fidelidade), ou seja, o quão próxima àquela atividade será de um caso real, além de explicações sobre o uso de instrumentos, bonecos e outros materiais1,3. Ainda no cenário, alguns termos representam etapas, como prebriefing e briefing (itens em que são descritas as ações a serem desenvolvidas antes da simulação ser realizada), exame clínico objetivo estruturado (ECOE) (itens relacionados com a avaliação das ações desenvolvidas e esperadas na simulação para alcançar o objetivo) e debriefing (item que explica o momento de aprendizagem e reflexão realizado após a simulação)1,3.

De forma estruturada e planejada, a simulação clínica pode trabalhar diversos temas em saúde3. Embora ainda não sejam muito frequentes, os cenários com foco em Saúde Mental têm sido desenvolvidos para a educação em saúde, reduzindo o estigma e reforçando o cuidado em saúde4. Além disso, vale destacar que o uso da tecnologia para o desenvolvimento de simulações clínicas também tem sido visto de forma positiva, mas, é importante entender que simulação não é sinônimo de tecnologia, e existem diversas possibilidades de realização de cenários que podem ou não ser planejados com o uso de instrumentos tecnológicos3.

Para além da sua realização, é importante ressaltar que cuidados devem ser tomados. Dentre eles, reflexões sobre as boas práticas em simulação na área da saúde, considerando objetivos para a aprendizagem, sigilo, anonimato, respeito, importância da participação na discussão posterior à simulação, segurança emocional, escuta clara e sem julgamentos3.

Mesmo não se tratando de uma estratégia de ensino nova, a simulação clínica desperta olhares curiosos e muitas vezes de pessoas que ainda não puderam vivenciá-la em sua formação. Assim, a possibilidade de uso da simulação cresce em um caminho repleto de oportunidades, que podem ser base para novas propostas de ensino nas formações e capacitações profissionais em saúde, para favorecer o cuidado nas mais variadas áreas de atuação.

Referências

1. Pedrollo LFS, Zanetti ACG, Vedana KGG. Construção e validação de cenário de simulação de alta fidelidade para a posvenção do suicídio. Rev. Latino-Am. Enfermagem. 2022. 30(e3700):1-11. Disponível em: https://doi.org/10.1590/1518-8345.6034.3700

2. Filho AP, Scarpelini S. Simulação: definição. Medicina. 2007. 40(2):162-166. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/rmrp/article/view/312

3. INACSL Standards committee et al. Healthcare simulation standards of best practicetm simulation design. Clin. Simul. 2021. 58:14-21. DOI: https://doi.org/10.1016/j.ecns.2021.08.009

4. Vedana KGG, Zanetti, ACG. Atitudes de estudantes de enfermagem relacionadas ao comportamento suicida*. Rev. Latino-Am. Enfermagem. 2019. 27(e3116):1-8, 2019. Disponível em: https://www.scielo.br/j/rlae/a/SzRQmb7RhP4GTScwDFSSkTv/?format=pdf&lang=pt

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